quarta-feira, setembro 29, 2004

Madrugadas Poeirentas


the lovers II - Magritte Posted by Hello

Tal como no amor à primeira vista, tal como os opostos serem capazes de se amarem para sempre, tal como quando há qualquer coisa de valor e vale a pena tentar porque irá dar certo, tal como escolher o caminho mais longo só para ver as caras que nos acenam na rua, tal como as bruxas que voam por cima do meu telhado à noite não me deixam dormir.
Também corro o risco de ser influenciada por ideias feitas e por músicas desaconselháveis ao meu precário bem disposto estado de espírito. E então pergunto-me qual a diferença entre adorar e amar, e para ser verdadeira estou cada vez mais convencida de que o tão falado amor é apenas uma ilusão, é o apropriar dessa adoração tão simples e a sua transformação em algo sobre o qual uma pessoa se possa comprometer a estar lá e ganhar certezas que tornem tudo mais seguro.
É bastante difícil querer que outrem seja feliz, por si só, sem a nossa influência. Acabamos por desejar assistir de perto a essa felicidade, posteriormente queremos interferir, no fim quer-se é ser a fonte omnipresente de qualquer sentimento risonho na outra alma desgraçada. Nasce o sentimento de posse, a obsessão tão tímida acaba por crescer, como uma carraça qualquer.
O amor é o sentimento mais egoísta de todos.
E assim tem razão de ser.
Para prosseguir é necessário responder a outra pergunta; até que ponto pode ter mais que um sentido amar, o conceito de amor e o dizê-lo a alguém...
Torna-se óbvio que nem toda a gente tem a mesma ideia e/ou espera o mesmo de uma relação amorosa... A essência que nos torna únicos define um bom bocado do que se procura quanto a esse aspecto. Há quem só queira foder, há quem só queira sentir-se especial, há quem ache que é fazer o outro feliz, há quem só queira uma pessoa lá, à espera, sempre, há quem sonhe com tudo, e felizmente há quem não espere nada de nada. O ideal seria haver respeito, empatia em todos os aspectos que rodeiam os dois, admiração por características que definam um e outro. E, claro está, camiões, montes, serras, montanhas, biliões, triliões, chiliões de toneladas de paixão sexual a roçar o mórbido. Não sei se é amor ou não, mas mantendo-se isto havia uma hipótese de não ser efémero para mim. Ah! Já me esquecia... É preciso querer!

C.

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