Callas em vez da televisão
“Eu queria a Callas por todo o lado, como uma doença que custa em despregar; como um mal contagioso para o qual não há cura. A Callas em vez da televisão.” Maria David in "Europa"
terça-feira, junho 28, 2005
domingo, junho 26, 2005
A casa da minha infância por Urbano Tavares Rodrigues
Yeah
A casa da minha infância foi um «monte» alentejano, próximo do rio Ardila, a cerca de quatro quilómetros da branca cidade de Moura.
A frontaria dava para um pátio empedrado, de onde ainda se vêem, num alto, a eira, e mais perto, outras construções: a habitação do feitor, a cavalariça, a vacaria, o galinheiro, o curral dos porcos, o alpendre onde guardavam o trem, o churrião e vários carros de lavoura e alfaias agrícolas, a charrua, a debulhadora, o trilho...
A toda a volta da casa mansas oliveiras, quase cinzentas por tempo fosco, mas de prata quando o sol se mostra. E, quase encostada à casa, as olaias, muito visitadas pelos pardais sobretudo à noitinha, e a suave glicínia, trepando por uma parede caiada, junto a janelas de grega do quarto dos meus pais.
Foi nesse cenário rústico, que de Inverno acordava muitas vezes branco de geada e onde a Primavera vinha cedo, de ouro e azul, sobre a verde germinação das searas, que decorreram os anos mágicos da minha infância, escutando os cantos e os dizeres dos camponeses, brincando com os pastorinhos das ovelhas e das vacas, galopando pelos montados do outro lado do rio, escalando cabeços cobertos de estevas e mistério, descobrindo os caminhos que levam ao Guadiana, a imensa herdade da Rola, aos longes de Espanha.
Entre a catequização da minha professora, a D. Guilherminha, piedosa senhora docemente ridícula no seu outono de vida cheio de folhos, fitas e sonhos gorados, e a rebeldia franca dos trabalhadores ranchos, que pelo nosso «monte» passavam, vindos da Amieira e de Portel, comecei a tactear a vida, a dar pela injustiças sociais mesmo ao meu lado, a crescer entre cheiros e sons, visões, bem diferentes, mas misturados, do paraíso e do inferno.
Sentimentos em guerra nasciam dentro de mim e aos meus momentos contemplativos do fim do dia, após as horas de estudo ou os passeios pela beira do Ardila, a pé ou a cavalo, sucediam-se interrogações sem resposta. Deixara de acreditar nos mitos cristãos e procurava outras crenças, outros valores. Era o fim da minha infância, na altura em que meu pai ia ter de hipotecar a herdade (salvando-se anos depois do descalabro) e nós já víamos pela frente a partida para Lisboa, o Liceu, o «exílio» entrecortado por breves férias no Alentejo.
quinta-feira, junho 23, 2005
Não toques nos objectos imediatos.A harmonia queima.
As palavras não fazem o homem compreender, é preciso fazer-se homem para entender as palavras.
Herberto Helder (1930)
quarta-feira, junho 22, 2005
terça-feira, junho 21, 2005
Se na bagunça do teu coração...Meu sangue errou de veia e se perdeu...
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.
Pablo Neruda
segunda-feira, junho 20, 2005
Ao tempo que já passou sobre este texto...
Falamos de fazer amor. Inventamos as nossas vidas anteriores. Esquecêmo-nos de tudo.
A Teresa é o meu amor. Eu sou o amor dela. Damos as mãos. Não fazemos mais nada. Mas não reparamos. Não vamos a lado nenhum. Não podemos. Mas mesmo que pudéssemos, não iríamos. Não fazemos planos. Não temos. Estamos juntos de vez em quando. É a única coisa com que nos importamos: estarmos juntos de vez em quando, como agora estamos.
Dois velhos ou nem dois velhos sequer. São nove horas da noite. Cada um no seu quarto. Ela não me ama como eu a amo.
Mas eu também não a amo como já amei. Mas falamos como se nos amássemos mais do que nunca. Nada mais é importante. Nove horas da noite. Ninguém.
O meu coração morre sozinho, como Deus quiser.
MEC Cap.24 O amor é piiiii ...
Ou numa versão não censurada O amor é fodido...
ou como diria alguém ... fodidíssimo!
domingo, junho 19, 2005
sábado, junho 18, 2005
sexta-feira, junho 17, 2005
Este céu passará e então teu riso descerá dos montes pelos rios até desaguar no nosso coração
"Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente"
Este é para a Carolina, sem vírgulas, pontos e derivados.
Fica aqui um outro Ruy Belo, que conhece morada fixa nesta minha amostra de blog.
quinta-feira, junho 16, 2005
"Sinto-me como se tivesse cegado por excesso de olhar o mundo", em «O Medo» Al Berto
Acredito que não há vida depois da morte para aqueles que morrem. Acredito que algo daquilo que foi a sua vida continua vivo naqueles que os conheceram e amaram. Essa é a única forma de vida depois da morte em que acredito. Não me parece pouco. Parece-me grandioso que parte daquilo que fez e que se foi continue vivo.
José Luís PEIXOTO
quarta-feira, junho 15, 2005
terça-feira, junho 14, 2005
segunda-feira, junho 13, 2005
Adeus
Eugenio
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
domingo, junho 12, 2005
sábado, junho 11, 2005
sexta-feira, junho 10, 2005
quarta-feira, junho 08, 2005
sábado, junho 04, 2005
O desafio da comunicação que a Coisa da Miuda me deu...
um aviãoooo
1) Última viagem:
Ao Brasil (Natal, Pipa, Macéio, e Porto Galinhas). Faço suas as minhas palavras.. Ah! E ainda esse grande destino que se revelou ser a bela da casa de banho pública!
2) Próxima viagem:
Hum... Budapeste... Raios partam o meu pai que não me levou da última vez! Veneza... enquanto espero que alguém vá para as obras na tentativa de conquistar o vil metal... e sempre Barcelona! E quem sabe pegar no carro.. melhor alguém pegar no carro por mim e 'bora lá!
3) A minha viagem de sonho:
Depende da companhia. Escócia com o João. Veneza com o trolha. Qualquer destino com as belas das amigas! E etc etc etc. Mas gostava de ir a Praga ( é uma doença de fácil contágio! )
4) Cinco viagens que me marcaram e tiveram algum significado para mim:
Só pedir ... só perguntar! Que chatice...
Deixa cá ver:
- A primeira vez que andei de avião para ir ao Luxemburgo num intercâmbio manhoso escolar. Fui lá cantar! Foi bonitinho!
- Barcelona, memórias de secundário e de uma cidade que adorei. Voltar sempre!
- Londres com o João enfant terrible.
- O Brasil pela diarreia e claro pela Carolina. Pelas pessoas, pela miudagem, pelo novo que descobri na produção nacional que reside na minha turma.
- Espanha, Espanha e vivam os caramelos de que não gosto!
5) Lanço o testemunho a outro qualquer blogger. :P Be brave!